
A mineração da maior reserva de urânio do Brasil é, ao mesmo tempo, uma promessa e uma polêmica no Ceará. Com potencial para impulsionar a produção de energia e fertilizantes, o Projeto Santa Quitéria (PSQ) conta com o apoio de gestores estaduais. No entanto, enfrenta forte oposição de comunidades e pesquisadores, que alertam para riscos catastróficos ao meio ambiente e à saúde da população.
Caso aprovado, o projeto demandará 855 mil litros de água por hora, 20,5 milhões de litros por dia e 615,6 milhões de litros por mês, retirados do reservatório Edson Queiroz, que abastece comunidades e projetos de agricultura familiar. Durante uma audiência pública no dia 11, especialistas apresentaram um parecer técnico ao Ibama alertando sobre o risco de desabastecimento, já que os estudos do empreendimento não garantem segurança hídrica em períodos de seca.
Além da escassez de água, há o temor de contaminação dos recursos hídricos, chuva ácida e até o aumento de casos de câncer devido à exposição a resíduos radioativos. Com previsão de extração de 80 mil toneladas de urânio e 8,9 milhões de toneladas de fosfato em 20 anos, o projeto levanta um dilema crítico no semiárido cearense: vale a pena explorar urânio, se o custo pode ser a água e a saúde da população?